terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ser Grande

                                          Photo by Jeffrey W. Hamilton
O que é ser grande pra você?

Recentemente, abri mão da oportunidade de ampliar as atividades do curso de inglês que dirijo.  Poderia ter ao menos tentado, mas, não..  Só a ideia de crescer de forma a perder o controle direto daquilo que leva o meu nome me assusta..

Fico pensando em grandes organizações, como por exemplo, a Globo, Casas Bahia, Avon, Gol Linhas Aéreas..  Caramba, como conseguem administrar um negócio com tantos funcionários?  E se esses não fizerem as coisas certas?  Será que essas empresas ainda conservam a cara de seus idealizadores?

Exatamente disso que tenho medo: de que o meu sonho perca a a minha cara.

Não me considero melhor do que ninguém.  Inclusive, tenho consciência de que se eu conduzisse um restaurante, uma loja de roupas, ou seja, algo não relacionado à Educação, a minha presença à frente dos negócios seria totalmente dispensável!..

Porém, sei que nasci pra ensinar.  Vejo isso nos olhos de meus alunos.  Pelo jeito de cada um, sei quem não entendeu, quem está desatento, quem está aborrecido, qual caso contar pra ‘acordar’ uma turma, o tom de voz pra atrair a sua atenção..  Parece que tudo isso me é tão inato.  Então, ouso achar que o que faz o meu curso especial é justamente o fato de eu estar presente em tudo.

Sinto-me feliz, sabia?  Parece que cheguei a um entendimento de mim mesma, a um ponto de autoconhecimento que me faz plena..  Sei exatamente o que quero, até onde quero ir..  E essa certeza parece ser o eu que precisava achar..

Só diante da chance de ser grande em termos numéricos foi que me veio tão claramente a convicção de que não é isso o que almejo.

Parece que Fernão Capelo Gaivota transcendeu mais um plano..

Não sei o que é ser grande pra você, mas pra mim, chegar à noite, e saber que o meu melhor foi feito, em cada pequena coisa daquele dia, me faz gigante!..
 Fernanda

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Heróis do Dia a Dia


Eu acredito em heróis do dia a dia. E você?

Certa vez, em uma aula, com uns 15 alunos (cada um de uma nacionalidade diferente), a professora colocou esta mesma questão: “Do you believe in everyday heroes?” Eu, prontamente, "Sim!" E logo percebi, totalmente sem graça, que apenas eu pensava assim.  Tentei, então, convencer os outros das minhas razões, mas por fim, dei-me por vencida, ouvindo a professora dizer, “Sorry, Fernanda. You’re alone on this one.”


Bom, acredito nesses heróis.  E talvez, aqui, sem a pressão de 'diferentes culturas me fitando’, e no meu próprio idioma, eu consiga passar melhor o que penso.


Basta um ato heroico, feito uma vez na vida, para que se intitule alguém de herói.  Tudo bem, não tiro o crédito desses heróis, nem desmereço o seu título.  Mesmo que movido pela emoção, é preciso muita coragem e total desprendimento de si mesmo pra se jogar num rio, ou entrar num prédio em chamas, pra salvar, às vezes, um desconhecido.


Mas, também considero heróis outros não tão, digamos, ‘famosos’.  Mães que cuidam do bem estar da família, dia após dia. Sem glórias.  Pais que levantam de madrugada, todo dia, nos seus mais produtivos anos, pra que não falte nada aos filhos. Sem medalhas.  Professores que, anos a fio, se aprimoram e entram na sala de aula sorrindo, e transformam vidas. Sem manchetes de jornal.


Esse compromisso com interesses que não os nossos próprios, durante toda uma vida, é um dos atos mais heroicos: é o heroísmo não somente da constância, como também da excelência.


Sigo acreditando que o mundo é movido exatamente pelos heróis do dia a dia. E vou além: eles se encontram, inclusive, indiretamente ligados aos heróis que vemos em livros, jornais e revistas.  Alguém, por trás de cada episódio heroico, teve um anônimo que lhe ajudou a se tornar o que é, dia a dia.


Porque todo ato grandioso que testemunhamos teve um emaranhado de pequenos atos que o antecederam.  E lá, em sua simplicidade, estão os maiores heróis, na minha concepção.  Como já dissera Manuel Bandeira [cujos versos não pude citar em minha primeira argumentação..(Viva o meu idioma!)]:


Lá, em sua simplicidade..“Lá, fugido ao mundo.. Sem glória, sem fé.. No perau profundo.. E solitário, é.. Que soluças tu.. Transido de frio.. Sapo cururu.. Da beira do rio..”

 
Fernanda

sábado, 10 de novembro de 2012

Criar ou não um blog?

Desde muito venho considerando a ideia de criar um blog.  Mas aí imaginava os milhões de blogs já existentes.. flutuando nesse ciberespaço.. muitos nunca lidos.. Então desistia. Porém, depois de um tempo, reparei na palavra 'talvez' no meu questionamento.. 'Talvez' eu nunca fosse lida, mas 'talvez' eu fosse, certo?  E comecei a pensar no que um blog poderia fazer a mim e a quem o lesse.. Eu externaria o que sentisse, como nos meus diários de adolescente, só que, numa dimensão nunca sonhada pelos meus relatos de papel, deixaria um 'resíduo' de mim em quem, por ventura, o lesse.. E essa pequena possibilidade mexeu comigo..

Meu pai costumava questionar a morte no seguinte sentido: representaria ela 'o fim'?  Ele dizia, 'Fernanda, não acredito que tudo que uma pessoa saiba, tudo que ela tenha aprendido ao longo de sua vida se perca pra sempre com a sua morte. Deve haver uma continuação.  Pense na Vó Nice, por exemplo, será possível que tudo que ela saiba suma no ar quando ela se for?  Não, cara! Isso deve renascer em uma outra pessoa.  É muita coisa pra se perder.' 

Não sei se meu pai tinha razão, mas, se alguém deixasse pelo menos um registro de suas experiências, um rastro, realmente, ela renascendo ou não, um pouco dela ficaria, um resíduo seu.

Isso.. O meu blog pode ser um resíduo meu.. mesmo que flutuante..

E assim, ei-lo aqui. Título roubado de Djavan.. Motivação escamoteada de Drummond.. Mas a melhor das intenções..

Fernanda