quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Como 'me saber'?

Sempre dividi as pessoas em dois grandes blocos: o das as pessoas do mal e o das pessoas do bem (e me pergunto se alguém mais nesse mundo faz isso..)

Talvez você queira saber como as classifico.. Há vários quesitos.. Vejamos, para ser do mal é preciso, entre outras coisas, ser falso, prejudicar os outros.. o que mais.. maltratar os pais ou os filhos, humilhar as pessoas, ser injusto.. e por aí vai..

Mas, outro dia fiquei pensando: será que quem é do mal tem essa consciência?  Ou será que eles se consideram do bem?  Todos devem se considerar criaturas boas, claro. E partindo dessa premissa, será que eu sou do mal e não vejo?

Meu pai dizia que a cada maldade que uma pessoa pratica, ela vai se deteriorando por dentro. Porém, essas mudanças ficam imperceptíveis aos nossos olhos, até que um dia, finalmente, se mostram.

Ele falava isso com tanta propriedade que eu ficava até na dúvida se era só papo de pai educador ou verdade mesmo!...

Ele tinha, inclusive, uma história pra ilustrar isso tudo:

“Em um lugar distante, vivia uma mulher muito má. Mas na mesma proporção, bela e vaidosa.  Certa vez, alguém, indignado com sua atitude e arrogância, lhe diz: 

‘Você tem duas faces: uma que você vê e outra que está se moldando a cada crueldade sua.  Mas existe um espelho, não se sabe onde, capaz de mostrar quem verdadeiramente somos! E você ainda vai se deparar com ele.’

Assim, um dia, em circunstâncias desconhecidas, ela se viu diante do tal espelho: foi a visão mais aterrorizante que jamais tivera.  Sim, aquele espectro refletido era o que ela tinha se tornado.”


Havia nas histórias de meu pai algo que não sei explicar, talvez no modo em que ele as contava, no seu entusiasmo, na riqueza de detalhes, talvez na veracidade que ele passava..  Não sei dizer ao certo o que era, só sei que cada uma dessas simples histórias me deixava com um ponto de interrogação enorme por um bom tempo..  Acredite ou não, suas metáforas eternas permeiam minha conduta ainda hoje.
 
E me volta a pergunta: serei eu do bem como espero ser?  Parece que a velha história de meu pai veio de encontro a esse questionamento.  E se realmente nos encontraremos com a nossa verdadeira face em algum ponto da nossa vida, nessa hora, eu saberei.

"Girl at Mirror" by Norman Rockwell
                                                                                                                                                 Fernanda

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