sexta-feira, 10 de maio de 2013

Um caco de amor



Li uma vez que há três maneiras de se aprender lições nessa vida: 1.Observando.  2.Ouvindo o que pessoas mais experientes têm a nos dizer. 3.Cometendo erros.

Infelizmente (porque cometer erros dói) temos que passar por esses três caminhos. A única diferença de pessoa pra pessoa é o quanto cada um decide observar, o quanto decide ouvir, e o quanto decide errar.  

Na minha opinião, o mais sábio seria observar, ouvir, e daí tomar, como se diz em inglês, informed decisions.  A probabilidade de erros cai bem dessa forma.

O único problema é que.. o erro é necessário.

Errar é preciso.  Errando e sofrendo, criamos resiliência.  

Mas sabe, mesmo sendo uma pessoa com pouca resiliência, eu sou a favor de ouvir e observar pra errar o menos possível.  Errar nos consome muito..  Como dizia a minha avó, ‘A cabeça não pensa, o corpo paga’. 

Nessa altura da minha vida, tenho observado mais do que nunca.  Tenho observado pessoas que escolheram o caminho do ódio, da mentira, da falsidade, da desigualdade, do vício, do excesso, resumindo, tudo aquilo que nossos pais geralmente nos aconselham a não fazer. 

Pois bem, eles parecem ser tão mais velhos..  E isso se revela principalmente nos seus olhos, não sei.  E é uma pena, porque, a cada ano que passa, ficamos melhores, sabia?  Mais sensatos, menos estabanados, mais conscientes, menos egoístas.  Se tudo vai ficando tão melhor, não é triste chegarmos à maturidade, digamos, ‘nos arrastando’? 

Sei que muitos baterão no peito, reafirmando, ‘O negócio é se jogar na vida!’ Então se joguem..

Porém, digo a você, dá pra aproveitar a vida de outras tantas formas..

Quer se embriagar?  Ria muito!!! Já riu muito, mas muito mesmo?  É uma bebedeira.. só que sem a dor de cabeça e os vômitos..

Ah! Quer sair do seu corpo?  Já, vamos colocar dessa forma, “chegou o mais perto fisicamente possível” de alguém que amasse de verdade?... No momento certo e com responsabilidade, é uma viagem e tanto..

Quer alumbramento???  Já completou uma pesquisa longa?  Resolveu um problema dificílimo, sozinho?  Já estudou pra um concurso feito um louco, e passou?  Já sentiu a existência de Deus como algo quase que concreto?  Em algum momento, já se perguntou onde e com quem você gostaria de estar, e a resposta era ‘ali e com aquela pessoa que estava do seu lado’?  Já disse ‘Eu te amo’, meaning it?  Já parou e ficou contemplando o seu pai, mãe, avô ou avó por alguns instantes.. sem que eles percebessem?   Já mergulhou no mar num dia de céu total e absolutamente azul?  Já cantou numa banda? Já foi a um show inesquecível? Aprendeu a tocar um instrumento musical?  Já fez brigadeiro de tarde? 

Há tantas mil  maneiras de “se tirar o máximo dessa vida”..

Uma vez li um livro pra aula de Filosofia, indicado pela professora Ednea do Marco Pascoal.  Eu tinha uns 16 anos, pouquíssima maturidade, mas Ednea nos tratava como seres que, apesar da pouca idade, poderiam chegar aonde quisessem. E chegávamos.  Bom, numa parte do livro, o protagonista, após anos de prisão, muito debilitado, volta a morar nas ruas.  Lá encontra uma mendiga, doente, antiga amante sua, e eles mantêm relações sexuais. Eu me assustei.  Achava que pessoas doentes e fracas não tinham vida sexual.. E o livro diz, lembro-me perfeitamente, “..e assim fizeram o seu caco de amor”.  Qual é a vantagem disso???

A fragilidade da idade vai chegar pra todos nós inevitavelmente, apenas acho de uma coragem absurda escolher, em sã consciência, seguir metade com o melhor da vida ainda por vir.. 

Que nossa escolha seja sábia. Que nosso amor não seja caco. Que nossa vida seja inteira.

Fernanda

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